sexta-feira, 22 de abril de 2011

Decepção

Mais uma vez decepcionada. A vida e os viventes insistem em arar minhas  costas.

Este é um discurso que eu gostaria de mudar.

Que faço com a mediocridade que também habita em mim?????


Rir para não chorar... ou chorar para não morrer??

Assim fala a miserável mulher que sou: Será que aqueles que miram minha vida a vêem assim também, tão decepcionante para eles??

Será que minhas espectativas são insanamente elevadas para o meu tempo?

Será que apesar de não ser astronauta, insisto em percorrer esta lua, este  sideral espaço de irreais expectativas? De sonhar com uma nobreza de alma que também não tenho?

Como suportar toda essa avalanche, como não me corroer de dor e amargura? Como me conformar se me ensinaram  a não me dobrar facilmente  frente ao manto do " é assim mesmo!". E já não sei abrir mão desse ensinamento.

Que fazer se  nutro um desesperado desejo de perseguir a tal da nobreza de alma,  que ainda não tenho?

Miserável mulher que continuo a ser...

Márcia Araújo

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Eles

São frios como o minuano.
São insensíveis como o cascalho.
São mentalmente cegos aos arredores.
São verdugos nossos.
Estão tão próximos da nossa alma.
Estão porém tão longe dos nossos ideais.
Estão tão próximos do nosso desejo.
Estão contudo tão prontos para o despejo.
Estão tão ávidos para nos enganar.
Sempre prontos para nos machucar.
Sempre prontos para desdenhar.
Sempre prontos para exigir.
Sempre prontos a desistir ...
Nunca sabem.
Nunca vêem.
Nunca crêem.
Nunca de verdade são.
Mesmo hoje de mentira dão...
De verdade nunca tive sua mão...
por isso eu imploro...não voltem mais a esta terra de carne que seu egoismo desmatou!

sábado, 16 de abril de 2011

Engano

Aproximou-se com novas de crédito ao conteúdo que julgava ser meu.
Serviu-me suas pocões alimentícias como um mago contemporâneo, e estendeu-me a mão ao sair da carruagemm: um cavalheiro do século XIX ali, na minha frente.

Beijou-me as mãos para calar meu arroubo protecionista. Declarou-me afeto, recepcionou-me calorosamente.

Louco interrompido, doce, frágil, arrogante, patologicamente genial. Rastelou impiedosamente minha carne, num frio lampejo de escárnio.

Por que? Por que fazes ainda maldades que me trazem saudades, que me partem, me partem, me partem...

Seu florete maldito abriu no infinito a oportunidade de sofrer com verdade, e a ilusão de que já não é tarde!

Márcia Araújo