terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O filhote de galinha e a gargalhada da saudade

Depois de duas semanas horríveis, e do prenúncio de uma que parece seguir pelo mesmo caminho, com seus cálices amargos. Cálices que me fizeram recordar simples e doces cenas. Fuga? Básica necessidade de me curar de TANTAS PEDRADAS tomadas? Prefiro VER ASSIM!

PERDI A HORA DO TRABALHO! Xiiiiii!!! Como cantaria Rita Lee: "Corre,corre, corre! HUUUUUUUUUUU!" Subo a ladeira numa tentativa quase heróica de ser veloz! Parei no topo. É possível que as coronárias já quase tomadas pelas placas de ateroma estejam roubando o fôlego do qual dispunha na juventude. - Bem feito! Diria Dona Ilda, minha mãe. - Quem mandou comer demais lobo da floresta! Rá,rá,rá, lembrança da infância. E eu era uma infante muito magra! Acreditem! Foi para agradar ao gosto de terceiros que comecei a comer demais. Supondo eu que devorando o almoço e o jantar e me colocando imediatamente de pé, a comida desceria poderosamente pelos meus lânguidos membros inferiores, fazendo de mim uma menininha de perninhas grossas! RSRSRSRRSRSR!
Vem também da infância a imagem, que como num túnel do tempo tomou minha mente esta manhã lá no topo daquela ladeira. Filhotes de galinhas, os denominados "pintinhos, encheram meu coração de infantil nostalgia ao cruzarem meu caminho. Rapidamente vi Guido e Nanico, com suas alvas penas. Vi seu sepultamento e exumação no terreno da marcenaria do seu Alfredo. Vi os banhos de banheira no quintal, o balanço, o chão de terra, e minha irmã de "Maria Chiquinha". Vi nossos vestidos iguais num verde "xadrezinho", e minha amiga Denise com a "Susi" sem dedos nas mãos de sua dona, encostada à cerca de madeira". Vi O Gilson tirando terra do quintal e o Givago falando palavrões. Ele que um dia entraria para a "ROTA" e se tornaria um de meus pacientes! E o vô; vi meu avô com um pacote de "Alma de Flores" debaixo do braço, tentando cambaleante alcançar o portão de casa... bebinho...Rá,rá,rá. O Zupe, cão fiel, mas malandro cruel, só na espreita tentando conquistar Guido e Nanico pro jantar!
Vi um pedaço feliz de a minha vida passar bem diante de meus olhos. Não posso negar que eles quase marejaram. Mas o poeta tem razão e o relógio me cobra! Agora é vida real e o dia quente, num verão insuportável está quase no fim.

Tomei muitas pedradas. Que dia cruel! Dia cruel? Não, gente cruel! Gente como a gente, "Ordinary People", diria Robert Redford. Gente que a gente ainda ama. Estas pedras doem mais. Muito mais!

A repetida dor das pedras me deixa carente dum abraço. Que podia bem ser o abraço de Helô, a "Sra. Gargalhada". Seus sorrisos, largas e longas gargalhadas. As amigas gargalhadas de Helô, que o caminhão tirou de nós. Por que caminhão malvado tirou minha amiga de mim?????? Ou seria a moto? Odeio Moto, odeio lambreta! Odeio caminhão. Se Caetano sentia falta da risada de Irene sua irmã, eu sinto falta da risada de Helô, a irmã que Cristo me deu e a morte me tirou. Helô que tantas vezes aparou minhas lágrimas e hoje não apara mais...

Até um dia gargalhada querida!!!! Que a justiça de Deus há de nos trazer de volta. Maranata,vem Jesus!

Márcia Araujo